Morador se revolta com garrafas de café “preto doce” e “amargo” na cidade de SC
Polêmica sobre nomenclatura do café na Câmara de Joinville repercute com força nas redes sociais
A descrição do café servido na Câmara de Vereadores de Joinville virou tema de polêmica nesta semana. O motivo foi uma sugestão registrada na ouvidoria da Casa pedindo a substituição das expressões “preto doce” e “preto amargo” usadas nas etiquetas das garrafas térmicas. O caso foi levado à tribuna na sessão de quarta-feira (30) pelo presidente da Casa, Diego Machado (PSD), que classificou a manifestação como exagerada.
De acordo com o relato lido por Machado, a sugestão enviada à Ouvidoria pedia que os termos fossem trocados por descrições como “café adoçado” e “café sem açúcar”, apontando que a atual nomenclatura poderia ser repensada à luz do letramento antirracista. O autor da mensagem alegou que o uso da palavra “preto”, mesmo em contexto aparentemente comum, pode carregar sentidos discriminatórios e reforçar estigmas.
Durante o discurso, Diego disse que ficou incomodado com a denúncia e reforçou que a identificação atual é apenas uma forma direta de indicar o conteúdo das garrafas. “Gente, uma coisa é apresentar uma sugestão de alteração. Outra coisa é querer vincular uma simples identificação nos gabinetes dos vereadores a um ato racista”, declarou. “Essa manifestação me incomodou, por entender que alguém está utilizando uma expressão simples, básica e de fácil entendimento para criar um vitimismo onde ele não existe.”
O presidente ainda afirmou que a decisão de manter os termos originais foi tomada com tranquilidade e negou qualquer conotação preconceituosa. “Tenho três assessores negros, que, além de colegas de trabalho, são grandes amigos. Cresci e convivi com pessoas negras. Não tenho nenhum tipo de preconceito”, disse o vereador. Ele também justificou que alterar todas as etiquetas representaria um gasto desnecessário de recursos públicos.
Outros parlamentares também se manifestaram em apoio ao posicionamento. Os vereadores Brandel Júnior (PL), Willian Tonezi (PL), Henrique Deckmann (MDB) e Cleiton Profeta (PL) endossaram os argumentos de Diego durante a sessão.
A discussão ganhou mais visibilidade nas redes sociais após o vereador Cleiton Profeta publicar um vídeo comentando o caso. Na gravação, ele relatou ter achado que se tratava de uma piada quando soube da denúncia. “A gente vive num mundo onde chamar café preto de preto é considerado racismo?”, questionou. O parlamentar lembrou que, em anos anteriores, a Câmara utilizava etiquetas como “leite doce” e “leite amargo”, e defendeu que o uso do termo “preto” se refere apenas ao sabor da bebida.
A publicação dividiu opiniões. Enquanto muitos usuários demonstraram apoio ao vereador, considerando a sugestão enviada à ouvidoria um exagero, outros internautas argumentaram que expressões aparentemente inofensivas podem, sim, perpetuar estruturas racistas e merecem atenção.
Mesmo com a decisão de não adotar as mudanças sugeridas, nesta sexta-feira (1º), as etiquetas das garrafas foram alteradas para exibir apenas a palavra “amargo”, segundo apurado
📢 E você, o que acha? O uso de expressões como “preto doce” e “preto amargo” em uma etiqueta de café pode ser considerado ofensivo?





