O Caso Kenefer: Uma História Que Nunca Saiu da Minha Memória
Hoje ela estaria com 22 anos
Ano após ano, essa cena permanece vívida em minha mente. Hoje, compartilho com vocês o caso que dividiu minha carreira em duas partes: antes e depois de Kenefer.
Era 1º de maio de 2010, um domingo. Eu estava fazendo a ronda nas delegacias quando recebi uma informação que gelou meu sangue: uma menina havia sido encontrada morta. Cheguei ao local. Fui o primeiro repórter a pisar naquela cena. E jamais esquecerei o que vi.
De longe, parecia uma boneca jogada no mato. Mas, ao me aproximar, vi o corpo da pequena Kenefer Maria de Jesus Guimarães. Uma criança de apenas 7 anos. Ela havia sido sequestrada, estuprada e assassinada por asfixia. Era como se o mundo tivesse parado. A dor era sufocante.
Até os policiais mais experientes estavam em choque. Lembro do Delegado Victor Bianco dizendo que foi a pior cena que já viu na carreira. O pessoal do IML, os peritos do IGP… ninguém saiu dali ileso. A brutalidade do crime abalou toda a cidade.
Naquela noite, a polícia se mobilizou. A única pista era de que a menina havia subido na garupa de uma moto preta. As buscas seguiram madrugada adentro, sem descanso.
Foram 30 dias de investigação intensa. E, então, o DNA revelou o nome do assassino: Diego do Nascimento Burin. Parente da própria Kenefer.
Diego foi conduzido à Central de Polícia. Confessou o crime nos mínimos detalhes — detalhes que me recuso a repetir, por respeito à menina e à nossa humanidade.
No dia da prisão, por volta das 19h, recebi uma ligação do delegado Airton Ferreira. Ele me chamou até um ponto no Rio Maina. Lá, ele me deu a notícia que eu mais esperava: “O assassino da Kenefer está preso.” Mas havia um pedido: eu não poderia divulgar nada até o dia seguinte, por segurança.
Imagine segurar uma bomba dessas no peito. Mas eu respeitei. No outro dia, o delegado Victor foi ao meu programa e contamos tudo ao vivo.
A partir daquele momento, minha vida profissional se dividiu: antes e depois do caso Kenefer. E, sinceramente, nunca mais fui o mesmo.